BOAS PRÁTICAS PARA TUDO

*PEDRO BRAGA ARCURI

Na internet, a Enciclopédia Wikipedia define “Boa Prática” como um método ou técnica que tenha sido aceita de um modo geral como superior a outras alternativas, porque produz resultados melhores, ou, porque tenha se tornado um padrão para se fazer determinada atividade.

Tudo relacionado à atividade leiteira pode, e deve ser adaptado a este conceito. Um exemplo: boas práticas de manejo na cria de bezerras diminuem a mortalidade das bezerras durante a fase de aleitamento, porque há melhoras na lida do tratador com as bezerras, na higiene e no conforto do bezerreiro, seja este de que tipo for. Outro exemplo, boas práticas incluem a escrituração zootécnica e o exame clínico como ferramentas de monitoramento permanente dos animais, garantindo seu bem-estar. Especialmente em sistemas intensivos de produção, sem perder de vista que o bem-estar cresce de importância, pois os consumidores querem consumir carne e leite de animais mantidos em conforto, com seus hábitos naturais respeitados.

“Rezando a missa para o Vigário”, qualidade do leite tem origem em vacas sadias e no controle permanente da higiene na ordenha, na manutenção da limpeza e no correto funcionamento de ordenhadeiras e do tanque de armazenamento do leite.  Para garantir a qualidade, as boas práticas de produção são recomendadas e reforçadas com cursos e acompanhamentos, em alguns casos são exigidas por cooperativas e indústrias comprometidas com o seus produtos e seus consumidores.  O seu comprador ou cooperativa lhe auxilia dessa forma, para atender às novas Instruções Normativas de qualidade do Leite do MAPA?

Nas indústrias de laticínios, o uso de boas práticas para a fabricação é obrigatório tanto para grandes como para pequenas.  Aquelas que não sigam boas práticas podem ser multadas e até fechadas pelos órgãos de fiscalização. A ANVISA, Agência de Vigilância em Saúde, estabeleceu que as indústrias realizem e façam  anotações da aplicação de boas práticas para garantir aos consumidores a segurança do alimento, isto é, que o seu consumo não trará riscos para sua saúde.

As vantagens das boas práticas vão além de se evitar penalidades. Adotá-las evita desperdícios de insumos, água, e energia por exemplo.  Acidentes de trabalho vão ocorrer menos.  E, como dizem os ingleses, “por último, mas não menos importante”, boas práticas garantem qualidade, que mantém o consumidor fiel a uma marca.

Mas é necessário ampliar as boas práticas, de modo a fazer delas parceiras da sustentabilidade da atividade, mantendo a qualidade do ambiente. Embalagens e materiais não degradáveis em fazendas ou fábricas precisam ser dispensados conforme as recomendações, mais uma boa prática.  Porém, a maior parte da poluição causada pela produção animal é causada por resíduos ou dejetos.  Neste termo eu incluo o esterco, perdas da ensilagem, restos de adubos ou fertilizantes, água de lavagem, etc. É necessário valorizar o reúso ,  Ao mesmo tempo, evitar contaminações.  Para isso, uma das boas práticas é o uso de biodigestores, cada tipo tem uma recomendação específica e muita informação está disponível. 

Para fazer jus à minha afirmativa de que tudo relacionado à atividade leiteira pode, e deve ser adaptado ao conceito de boa prática, finalizo com o incômodo descarte de carcaças de animais adultos.  Usando o método da compostagem, a prática desenvolvida pela Embrapa permite eliminar carcaças sem necessidade de enterro, sem odores e sem contaminação. Os bons resultados permitem que essa prática possa ser usada para auxiliar produtores interessados no abate autorizado de javalis e Java porcos, animais exóticos, selvagens, cuja população está se expandindo e que causam grandes prejuízos.

*Agrônomo, PhD Cornell University, Animal Science, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Publicado originalmente na Revista Balde Branco - março 2019

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