Um grupo de 35 profissionais de comunicação e extensionistas, dois dias de intensas discussões e um desafio nas mãos: como desenvolver estratégias para apoiar a interação entre Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, diretriz para a consolidação de um plano de inovação e formação para a sustentabilidade da agricultura familiar no país? Assim pode ser resumido o workshop “Estratégias para Interação Pesquisa e Extensão na Agricultura Familiar”, que reuniu, na sede da Embrapa (Brasília/DF), nos dias 7 e 8 de outubro, profissionais dos centros de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), das Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e dos escritórios de Assistência Técnica e Extensão Rural, com a representação de todas as regiões brasileiras.

O desafio do grupo foi refletir sobre o papel da comunicação para apoiar o plano e propor ações efetivas de comunicação para a promoção da interação pesquisa e extensão. Como resultado, foi elaborado um plano de trabalho para 2015, com ações imediatas e de médio prazo para consolidar o papel estratégico da comunicação nas oficinas de concertação programadas (fóruns para construção de espaços e agenda conjunta em que participam representantes da pesquisa, extensão e agricultura), nos eventos temáticos e nas ações de formação continuada dos multiplicadores (agentes de ATER, cooperativas, organizações não governamentais etc.).

O programa é resultado de um esforço conjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Embrapa e prevê a qualificação de 15 mil agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural e de famílias atendidas pelos contratos de ATER do Ministério. Para a definição de prioridades no processo de formação de técnicos da extensão rural, o programa adotou como metodologia encontros regionais com representações locais da pesquisa, extensão e agricultura. A meta é alcançar 230 mil agricultores familiares.

“O desafio é superar o distanciamento que existe entre os serviços de extensão rural, a pesquisa agropecuária e o ensino, estimulando trocas de experiências entre agricultores, extensionistas e pesquisadores, a partir da valorização dos saberes locais e tradicionais. E, para isso, vamos precisar muito da comunicação”, destacou o coordenador do Departamento de Assistência Técnica e Extensão do MDA, Hur Ben Correa da Silva.

O diretor-executivo de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Waldyr Stumpf Júnior, presente ao primeiro dia do evento, lembrou que as ações foram criadas no contexto da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e tem como desafio criar espaços e soluções adequadas para que os agricultores possam se apropriar das tecnologias geradas pela Pesquisa. “Em parceria com o MDA, vamos realizar um conjunto de reuniões em todo o País para conversar, conhecer as realidades, estabelecer as matrizes de oportunidades e desafios para construirmos, juntos, as soluções locais”, destacou Stumpf, lembrando, ainda, que a inovação só acontece quando alguém se apropria de uma tecnologia e consegue melhorar suas condições socioeconômicas.

Para Luciana Silvestre, jornalista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), encontros como esses são fundamentais para se discutir estratégias de comunicação mais adequadas à realidade dos agricultores. Para ela, além da comunicação institucional, as empresas precisam pensar em ações estratégicas que façam com que o conhecimento científico seja apropriado e resignificado pelos agricultores.

Na opinião do assessor de relações institucionais da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, MG), Marne Sidney Moreira, este é o começo de um processo de institucionalização entre pesquisa e extensão rural. Há 48 anos atuando em pesquisa e extensão rural, Carlos César de Queiroz, da Emater-GO, destacou a oportunidade de participar de um processo de construção coletiva, onde a extensão também será protagonista.

Diretrizes prioritárias - Para institucionalizar a participação da comunicação e promover a interação entre pesquisa e extensão, ao final do workshop foram apresentadas aos organizadores algumas diretrizes prioritárias:

• inclusão da participação de profissionais de comunicação da Embrapa, das Oepas e da Ater nos fóruns locais previstos no Programa de Inovação a serem realizados pelo MDA e pela Embrapa nos estados, que começam em 2015;
• realização, durante as oficinas de concertação, de encontros de comunicadores para estabelecer ações regionais para a interação pesquisa, ensino e extensão na agricultura familiar;
• sensibilização dos gestores das instituições sobre a importância da participação da comunicação nas ações do plano;
• participação efetiva da ATER e das Oepas nos programas de rádio e televisão da Embrapa (Prosa Rural e DCTV);
• criação de espaços para compartilhamento de informações (hotsite, videoconferências e encontros regionais de comunicação).

Relato de experiências – Durante o evento, comunicadores e extensionistas tiveram a oportunidade de apresentar experiências de interação junto a públicos específicos, como as oficinas de comunicação para lideranças comunitárias e radialistas do Nordeste; oficinas para mediadores do Projeto Minibibliotecas; os programas de rádio Prosa Rural e Dia de Campo na TV; a produção de materiais pedagógicos regionais, como cartilhas e literatura de cordel para os agricultores do sertão e revistas em quadrinhos para alunos de escolas públicas rurais; o programa Terra Sul, realizado em parceria com a Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) com a Emater/RS; a Rede de Pesquisa e Inovação em Leite (Repileite) – uma rede social temática que visa o debate de ideias sobre o setor leiteiro, dentre outras ações. Os comunicadores de Ater também destacaram os programas de televisão que realizam com emissoras de TV locais, capacitações e produção de materiais didáticos.


O evento foi uma iniciativa do Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT) e da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA) e contou com o apoio da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF) e da Secretaria de Comunicação (Secom). Participaram profissionais da Emater-RO, Emater-MG, Emater-PR, Emater-RS, Emater-GO, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer/MT), Embrapa Agrobiologia, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Embrapa Acre, Embrapa Semiárido, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Agropecuária Oeste e do Departamento de Assistência Técnica e Extensão do MDA.

Texto: Maria Clara Guaraldo (MTb 5027/MG)

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