Leite de descarte - o que fazer?

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Responder à essa pergunta requer uma análise de alguns aspectos envolvidos na produção, como, por exemplo, fatores sanitários e econômicos. O grande problema, é que em grande parte das fazendas brasileiras, o fator econômico normalmente se sobrepõe ao sanitário, o que pode no médio e longo prazo comprometer a saúde e a produtividade do rebanho. Temos que priorizar o uso de estratégias para redução de doenças e o uso de antibióticos de maneira adequada reduzindo a produção de leite de descarte nas fazendas. É fato também que existem poucas pesquisas a esse respeito, o que tem dificultado o produtor de leite a tomar decisões baseadas em resultados científicos.

O leite de descarte é por definição todo leite que não pode ser consumido pelo ser humano, ou seja, o colostro, o leite de transição (primeiras ordenhas pós-parto), e o leite proveniente de animais em tratamento com antibiótico (e/ou período de carência de medicamentos), nesse último caso, o mais comum é o uso do antibiótico para o tratamento da mastite.

Então, o que fazer com o leite de descarte produzido? Bom, o colostro e o leite de transição devem ser avaliados quanto à sua qualidade e serem fornecidos às bezerras, pois são excelentes alimentos. Já o leite proveniente de vacas em tratamento com antibiótico deve ser descartado. Porém, o descarte não deve ser feito de qualquer forma, pois há o risco de contaminação ambiental. Dessa forma, o descarte seguro em local apropriado como em estações de tratamento de dejetos, seria a opção mais indicada.

Mas porque ainda muitos produtores destinam o leite de descarte às suas bezerras? Simplesmente por uma questão econômica, pensando em “economizar” no fornecimento de leite às bezerras. Mas será que realmente estão economizando ou criando um problema para sua fazenda? Quais as possíveis implicações dessa prática? Ao fornecer um leite de baixa qualidade e contaminado com antibiótico e patógenos, estamos fornecendo um produto com variação no valor nutricional, pois normalmente o leite de descarte apresenta alterações na sua composição devido ao processo de mastite, por exemplo. A presença de antibiótico tem potencial para alterar o desenvolvimento normal da flora bacteriana do sistema digestivo das bezerras, podendo comprometer a sua eficiência na transformação e absorção de nutrientes. Outros aspectos importantes são contaminação bacteriana, possível transmissão de doenças e resistência a antimicrobianos com impacto direto em relação a saúde animal e humana. Nesse contexto, adotar opções de fornecimento de leite mais seguras e nutritivas às bezerras seria o melhor caminho, afinal as bezerras de hoje serão as vacas do futuro.

A Embrapa, em parceria com a UFMG, UFJF, Epamig, UFLA e West, conduziram um experimento financiado pela Fapemig: "Efeito do fornecimento de leite cru e de leite de descarte cru ou pasteurizado sobre o desempenho e a saúde de bezerras leiteiras e a resistência a antimicrobianos" e em breve serão divulgados os resultados.

E você produtor, como tem tratado essa questão na sua fazenda? Quais as principais dificuldades enfrentadas para contornar esse problema? Deixe aqui a sua resposta pois o debate e a busca de soluções para esse tema interessa a todos nós!!

Autores: Cláudio Antonio Versiani Paiva e Mariana Magalhães Campos

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Comentários

  • Como normalmente tenho pouco leite para descarte, forneço para os cachorros da fazendo. Tem algum problema?

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