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A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estabeleceu o dia 5 de dezembro como o Dia Mundial do Solo. Podemos nos perguntar por que celebrar o solo? Muitas pessoas ainda não conhecem ou percebem a importância dos solos, e não sabem os riscos que correm se este recurso não for conservado. Para começar, o solo é um recurso natural não renovável. Ou seja, o solo que estamos perdendo por erosão, desertificação ou salinização não recuperamos mais, pois o processo de formação do solo é muito lento.

Normalmente nos preocupamos muito com a disponibilidade e qualidade da água, com a qualidade do ar, mas não podemos esquecer do solo! Esta fina camada que recobre a Terra é a responsável pela produção da maior parte do nosso alimento, das fibras e da bioenergia. Além disso, o solo tem funções básicas e muito importantes para nossos ecossistemas.

O solo fornece nutrientes essenciais para as nossas florestas e lavouras, filtra a água e ajuda a regular a temperatura e as emissões dos gases de efeito estufa. Os solos das florestas e das nossas pastagens e lavouras têm o potencial de contribuir para mitigar as emissões por meio do sequestro de carbono da atmosfera na forma matéria orgânica. Os solos são um grande reservatório global de carbono, armazenando mais carbono orgânico do que a vegetação. 

Mas, infelizmente, os solos nem sempre são manejados da maneira mais adequada para favorecer o clima e a qualidade da água. Muitos solos que poderiam sequestrar o carbono da atmosfera estão liberando-o, adicionando dióxido de carbono na atmosfera e intensificando as mudanças climáticas. Mas o solo contém cerca de três vezes mais carbono do que a atmosfera, o que significa que fazer mudanças estratégicas na forma como os sistemas de solo são usados pode desempenhar um papel importante no combate às mudanças climáticas. Além disso, solos bem manejados têm sua estrutura preservada, favorecendo a infiltração de água, aumentando a recarga dos lençóis freáticos e evitando o escorrimento superficial e enxurradas, levando à diminuição das enchentes e da erosão.

O solo em sua condição natural exerce muito bem estas funções. E o grande desafio está em preservar o meio ambiente (e o solo é parte dele), garantindo a produção de alimentos, fibras e bioenergia para uma população que cresce e se torna cada vez mais exigente em qualidade.

Preocupada com isso, e equipe de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) tem desenvolvido estudos para indicar as melhores práticas de manejo dos sistemas de produção agropecuários, que possam juntar altas produções com a preservação ambiental e com o bom funcionamento do solo. Para isso, a recuperação de pastagens degradadas é um dos pontos chave, pois pastagens mal manejadas levam a perdas de qualidade, produtividade, deixam o solo exposto e abrem caminho para a degradação pela erosão.

A integração lavoura-pecuária-floresta é um sistema de cultivo em consórcio ou rotação que permite o cultivo de culturas anuais (como soja, milho, por exemplo), com pastagens e com árvores, tudo na mesma área e na mesma safra. Vários resultados de pesquisa indicam que estes sistemas são tecnicamente adequados e podem contribuir com a intensificação sustentável. Mas nossas pesquisas estão indo além, e estamos unindo os princípios da física, biologia e química para entender como os solos funcionam com estas novas formas de cultivo.

Para desenvolver estas pesquisas multidisciplinares foram feitas parcerias com UFSCar, USP, UFPR e CENA, além de outros centros de pesquisa da Embrapa, como a Embrapa Florestas e Instrumentação. Os resultados têm mostrado que os solos sob sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) podem incorporar grande quantidade de carbono na forma de matéria orgânica, e esta matéria orgânica tem excelentes características químicas que indicam que está estocada de forma estável com poucas chances de perda.

As pesquisas com a biologia do solo indicam que há grande diversidade de organismos nos solos de cultivos integrados. Estudos da área de física têm demonstrado que estes solos apresentam uma excelente estrutura, proporcionando infiltração de água em quantidade e, com isso, reduzindo o potencial de erosão do solo. Há melhoria na química do solo, especialmente por esse maior conteúdo de matéria orgânica, com maior disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Todas estas propriedades indicam que, sob cultivos integrados, há solos de qualidade e saudáveis, pois estão desempenhando todas as suas funções e ainda garantindo a produção de plantas, animais e a o abastecimento de seres humanos. Mas, além das pesquisas, é necessário também divulgar estes resultados para a os produtores, técnicos e para sociedade.

Por isso, a Embrapa Pecuária Sudeste tem atuado fortemente na capacitação técnica, por meio de cursos, palestras e dias de campo para demostrar estes resultados. E na quinta-feira (03/12) realizamos mais uma etapa da capacitação de técnicos da Cocamar (Maringá-PR) e o tema abordado foi a “Qualidade do solo em sistemas ILPF”, para celebrar a data e despertar, cada vez mais, a importância de cuidarmos dos nossos solos. 

Alberto Bernardi

Embrapa Pecuária Sudeste

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