Estudo da Unesp aponta que o uso inadequado deste tipo de medicamento aumenta a resistência de vermes no gado Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita (Unesp) levantou um dado preocupante: os vermífugos existentes no mercado funcionam cada vez menos em bovinos. “Isso porque os diversos tipos de vermes que atacam estes animais estão ficando mais resistentes aos medicamentos, devido ao seu uso inadequado”, explicou o pesquisador e médico veterinário Ricardo Soutello. A pesquisa de Soutello foi realizada em cinco propriedades do Estado de São Paulo e analisou a resistência a quatro das categorias de antiparasitários mais utilizadas: sulfóxido de albendazol (vendido sob as marcas Ricobendazole, Ouro Fino), fosfato de levamisol (Ripercol, Fort Dodge), moxidectina (Cydectin, Fort Dodge) e ivermectina (Ivomec, Merial). O resultado mostrou que, em cada uma das produções, houve resistência a pelo menos uma das drogas utilizadas. Em uma das propriedades, houve resistência a três delas. Para descobrir o motivo de tanta força dos vermes, a equipe de pesquisadores também aplicou um questionário aos produtores, perguntando sobre a frequência da aplicação de vermífugos ao rebanho. Segundo Soutello, em 80% dos casos a administração do remédio era feita em períodos errados. “Constatamos que o uso inadequado dos anti-parasitários pelos criadores foi uma das características que influenciaram o desenvolvimento da resistência”. De acordo com o relatório divulgado pela Unesp, a maior parte das aplicações foi realizada juntamente com a vacinação contra a febre aftosa, sem levar em consideração a necessidade do uso do remédio ou o período entre uma aplicação e outra. “É difícil preparar o gado para receber um remédio. Ele precisa ficar um tempo sem comer, em um local fechado e isso costuma deixar o animal muito irritado. Então, alguns donos aproveitam campanha de vacinação para já dar o vermífugo. Mesmo que o animal nem precise”, explica Soutello. Uma das causas desse problema é o baixo custo das drogas genéricas ou similares no mercado, segundo o professor. Com o preço menor, seu uso aumentou, o que favorece a resistência anti-helmíntica. Prejuízos Um cálculo feito pela Unesp mostra que a perda estimada de animais infectados por vermes gira em torno de 30 a 70 quilos por ano. “O prejuízo é de cerca de duas arrobas a menos anualmente, o que representa cerca de R$ 200 por cabeça. Fora o custo com aplicações ineficientes e manejo”, explica Soutello. Dentro do custo total de produção de bovinos de corte, o custo dos vermífugos representa 1% de todo o montante, menos de R$ 10 por cabeça nos dois anos de ciclo. Apesar de o valor ser baixo, o retorno financeiro para o produtor é grande quando os remédios são aplicados de maneira correta, segundo o professor, supera o de todos os outros investimentos. “São R$ 40 para cada R$ 1 gasto com vermífugos utilizados corretamente”, explica. FONTE: Globo Rural On-line Ernesto de Souza
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