A agricultura familiar tem grande importância econômica e social para o nosso país. Dados apresentados no último plano SAFRA de Agricultura Familiar 2012/2013 mostram que 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros diariamente são provenientes da agricultura familiar, que é responsável também por 38% da renda agropecuária e por empregar 75% da mão-de-obra no campo.

Como características da atividade de agricultura familiar, podemos citar a diversificação, onde a produção de diferentes culturas combinada à criação de animais reduz o risco financeiro da atividade e também a capacidade de adaptação devido à crise de produtos tradicionais, novos mercados ou mudanças econômicas do país (BUAINAIM E ROMEIRO, 2000). Estas características tornam os agricultores familiares dispostos a otimizar a produção através de práticas sustentáveis que resultam em benefício para o meio-ambiente e geração de renda extra. 

A pecuária de leite é uma das principais atividades desenvolvidas por agricultores familiares e é a primeira dentre estas em termos de valor bruto de produção (SOUSA, 2006). Na região Centro-Oeste está presente em 61% dos estabelecimentos considerados de economia familiar (ZOCCAL et al., 2004).

De acordo com o censo do IBGE realizado em 2006, 65,2% dos estabelecimentos rurais existentes no estado de Goiás pertencem a agricultores familiares que ocupam apenas 13% da área. Apesar de ser representativa no estado, para avançar na produção de alimentos de forma sustentável a agricultura familiar precisa passar por alguns desafios como, ampliar a oferta de alimentos em quantidade e qualidade, estimular o uso sustentável dos recursos naturais e a convivência com as mudanças climáticas, promover alternativas para a redução da pobreza, gerar e qualificar as ocupações produtivas no campo e interiorizar o desenvolvimento (PLANO SAFRA, 2013).

A partir dos dados apresentados, gostaria da opinião dos colegas do RepiLeite sobre quais práticas sustentáveis podemos implantar nas propriedades familiares para otimizar a produção, beneficiar o meio-ambiente e gerar renda extra. 

 

Vamos participar compartilhando suas experiências aqui!

 

 Literatura citada:

 BUAINAIM, A. M.; ROMEIRO, A. A agricultura familiar no Brasil: agricultura familiar e sistemas de produção. Projeto: UTF/BRA/051/BRA. Março de 2000. 62p. Disponível em: http://www.incra.gov.br/fao. Acesso em janeiro de 2013.

 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/default.shtm.

 

PUBLICAÇÃO ESPECIAL DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Plano Safra da Agricultura Familiar 2012/2013. 2012. Disponível em: http://www.mda.gov.br/plano-safra/arquivos/view/Cartilha_Plano_Safra.pdf. Acesso em janeiro de 2013.

 

SOUSA, I.S.F. Agricultura familiar na dinâmica da pesquisa agropecuária. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 434 p.

 

ZOCCAL, R.; SOUZA, A. D.; GOMES, A. T.; LEITE, J. L. B. Produção de leite na agricultura familiar. In: XLII CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL. 42. 2004, Cuiabá, Anais... Cuiabá: SOBER, 2004, p 413.

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Respostas

  • Olá Jamir,

    Muito bem colocado o tema da sucessão, especialmente em um mercado que vem premiando maiores volumes e desestimulando pequenas propriedades que têm dificuldade em manter os jovens no campo. O tema de benefício para o agricultor com práticas sustentáveis no meu ponto de vista tem que passar por um player maior, seja a indústria que deve premiar as práticas sustentáveis, seja o governo local no caso de nascentes por exemplo já é uma realidade ou pela organização das pequenas propriedades em associações. Estamos vivendo um momento em que a população está começando a ficar mais exigente, trazendo propostas e cobrando dos governos. Uma pequena propriedade tem um papel social crucial, gera empregos, diminui a pressão nos centros urbanos, pode contribuir com o meio ambiente pela diversificação das atividades, oferta alimentos que grandes propriedades não viabilizam. Portanto, se for possível aglutinar bons exemplos de pagamento diferenciado para práticas sustentáveis, poderíamos reunir em um documento como orientação para regiôes que estas práticas não estão sendo realizadas, exemplo, pagamento pela proteção de mananciais, fair trade, pagamentos por qualidade, etc. Nosso país é muito grande e existem ótimos exemplos no entanto temos dificuldade de divulgar.
    Abrços ef uma ótima semana.
  • Olá Priscila e Colegas.

    Realmente, tema muito importante. Parabéns pela escolha.

    Sabemos que a sustentabilidade é algo que ainda merece mais atenção, bem como tomar mais força, "corpo" em nossa sociedade.

    Na questão agricultura, acredito que antes de tudo deve-se melhor mostrar oque de fato é, quais são os possíveis caminhos para sustentabilidade. Em resumo, preparar, treinar nossos agricultores. 

    Por outro lado, o entendimento do próprio tripe: ambiental, econômico e social. Podemos separar aqui o viés cultural. Ao entender esses pontos, trabalhar os mesmos pela visão do nosso produtor rural. 

    Vejamos, a própria perenidade da propriedade e/ou permanência do homem no campo, inclusive filhos, faz parte da sustentabilidade.

    Voltando ao foco da agricultura familiar, penso que três pontos devem ser pensados: Primeiro, a agricultura familiar pertence ao agronegócio, logo precisa de gestão igualmente. Segundo, o entendimento do que realmente é sustentabilidade, e o que se busca com isso. Por ultimo, que se mostre as vantagens e retornos que o agricultor terá investindo em princípios e principalmente nas práticas sustentáveis.

    Reafirmo, é um item muito legal, interessantíssimo a ser trabalhado e comentado.

    Por fim, faça tudo e depois faça mais.

    Sejamos Incríveis.

    Jamir Rauta

  • Olá Alessandro!

    Agradeço suas contribuições. Muito interessante o trabalho da Ben&Jerry e gostaria de destacar ainda a maneira como eles apresentam as informações no site. É bem atrativo principalmente para o público infantil. 

    Sobre as suas sugestões de práticas sustentáveis, achei muito boa a colocação sobre melhoria do rebanho "sem exageros" e pensar mais na oferta de alimentos. Escrevi sobre isso há alguns dias em outra discussão aqui no RepiLeite. Normalmente, o que acontece é o contrário. Muitos produtores pensam primeiro no rebanho e depois no alimento e acabam tendo prejuízos pois ficam com animais que não conseguem expressar todo o potencial de produção pois não tem alimento de qualidade disponível.

    Abraço,

    Pricila

  • Priscila, parabéns pelo tópico, é realmente um tema complexo. Em minha carreira foi possível trabalhar com agricultura sustentável e também tive contato com produtores de leite na Holanda que praticam boas práticas relacionadas a sustentabilidade. Acredito que o primeiro passo é delimitar um pouco o tema, por exemplo, sustentabilidade pode passar por indicadores de meio ambiente (água, solo, vegetqção nativa), indicadores sociais (escolaridade, relacionamento com a comunidade), indicadores econômicos (renda familiar, retorno dos investimentos na propriedade, atratividade da atividade, diversificação, fair trade), indicadores dos animais (saúde, wellfare, bem estar animal). Bom, agora pensando na sustentabilidade da atividade leiteira em agricultura familiar e em quais práticas, no meu ponto de vista existe muita oportunidade na área de nutrição, melhorias das pastagens com o emprego de pastejo rotativo, melhoria do rebanho mas sem exagero que pode inviabilizar por excesso de exigência dos animais, introdução da uréia, ou seja, iniciar com melhorias na oferta de alimento e em uma segunda fase uma melhoria progressiva no rebanho. Recomendo uma visita no site da Ben&Jerry, uma marca de sorvete americana e agora com produção na Holanda. O conceito de sustentabilidade deles é bastante interessante e passa pelo bem estar animal. A idéia é vender a imagem de que quando você consome o sorvete, você está contribuído para o bem estar dos animais que fazem parte do programa da empresa, que capacita os pequenos produtores em práticas sustentáveis na fazenda. Abraços.
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