Erros e acertos no combate ao carrapato

Prezados membros da RepiLeite

Creio que o grande problema do controle dos carrapatos dos bovinos de leite é a banalização da rotina corrida do dia a dia. Assim, a maneira mais eficiente de melhorar o controle do parasita é o contínuo trabalho de conscientização no sentido de lembrar a todos os envolvidos a necessidade de atenção com as questões básicas tão importantes para se ter sucesso no controle da população.

Convido-os a iniciar uma nova rodada de conversa sobre os passos necessários a um bom controle e os principais erros cometidos no dia a dia dessa rotina feita para dar conta do problema.

Anexos estão dois folderes sobre o assunto, como base para o nosso bate papo. Os textos têm muito em comum e basicamente reforçam os pontos críticos responsáveis tanto pelo sucesso como pelo insucesso da tarefa, na medida em que um ressalta o lado positivo, o do fazer bem feito, e o outro o lado negativo, o que tende a acontecer pelo desconhecimento ou baixa priorização do assunto.

Sejam todos bem vindos à nossa conversa.

Dez passos para o sucesso no controle do carrapato dos bovinos.pdf

Principais erros cometidos na luta contra o carrapato dos bovinos.pdf

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Respostas

  • Prezado José Doriam,

    o download do livro pode ser feito no link abaixo:

    https://www.embrapa.br/gado-de-leite/busca-de-publicacoes/-/publica...

    Agradecemos sua participação!

  • Boa noite, Jonh!!

    Esse link do livro sobre carrapato não é exibido.Aparece como página não encontrada.

    Pode me enviar outro link?

    John Furlong disse:

    Boa tarde a todos.

    Após a provocação que fiz hoje de manhã, tomo a liberdade de disponibilizar para download, publicação geral onde é possível, talvez, captar melhor a minha preocupação com a questâo ecológica do carrapato.

    Abraços.

    John

    Download do livro Carrapato: problemas e soluções

  • Como lidar com a resistência de bovinos e ovinos aos antiparasitários? Cada vez mais, os parasitas que infestam os bovinos, como o carrapato, por exemplo, se tornam resistentes aos antiparasitários.

    O Programa Prosa Rural abaixo, de 15 minutos de duração, explica o porquê do surgimento dessa resistência e dá orientações sobre como contorná-la.

    Acredito que complemente algumas discussões deste fórum: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2467885/prosa-ru...

  • Prezado John Furlong, muito me agradou sua resposta à minha pergunta sobre esse tema tão importante e que vem se tornando a cada dia um dos maiores, senão o maior, desafio em uma propriedade. Controlar esses parasitas em muitos casos tem se mostrado uma luta perdida, onde o produtor apenas adotou uma postura de "apagar fogo", nesse cenário, tenho acompanhado de perto ótimos resultados no controle de carrapatos com o uso de homeopatia, obviamente que não se trata de qualquer homeopatia, mas, de produto de alta qualidade e que tenho comprovado sua eficácia dia após dia. Tenho uma empresa em Rio Verde (GO) no segmento agropecuário, iniciei as atividades como representante de uma marca de ordenhas e resfriadores de leite, e, com o objetivo de ampliar o pool de negócios peguei a distribuição de produtos homeopáticos.

    Confesso que iniciei sem dar muito foco à homeopatia, mas eu tinha um problema sério com carrapatos nos meus animais de estimação (dois cães, um de porte pequeno e outro de porte grande), combates quinzenais, nos animais e ambiente, e eventualmente encontrava uma telógena escalando as paredes. Foi então que decidi dar pros cães aquele produto que tinha no estoque, dissolvido na água, e desde então lá se vão 13 meses sem controle químico. Nesse tempo, fui dando mais atenção à homeopatia no campo, percebi que sua eficiência dependia e muito de acompanhamento e orientação, já que é pouco difundida e tem ação totalmente diferente da alopatia. Os resultados tem sido surpreendentes, ao ponto que transformei minha atividade totalmente voltada ao uso da homeopatia, e hoje tenho resultados expressivos não apenas no controle de carrapatos, mas também de moscas do chifre, moscas domésticas, moscas do canavial, vermes e mastite.

    Estou convencido de que trabalho com um produto que é uma ferramenta a mais para quem quer vencer a luta contra parasitas e diversas doenças no campo, não é nenhum elixir milagroso e muito menos vem para acabar com o que tem no mercado, não, como eu disse é mais uma ferramenta, e toda ajuda que tenha resultados positivos é bem vinda. Não entrei no mérito do custo, mas posso assegurar que está nos mesmos patamares do que encontramos no mercado, e em certos casos até mais em conta.

    Forte abraço e estou à disposição na minha empresa para quaisquer esclarecimentos e troca de experiências, minha empresa é a Leite Mundial (64) 3622-0469 / (64) 9987-4949

  • Prezado Fábio, boa tarde.

    Obrigado pela pergunta. Muito interessante!

    Conhecendo um pouquinho a crise atual de disseminação da resistência "múltipla e cruzada" das populações de carrapatos às poucas bases químicas carrapaticidas disponíveis no mercado nacional, torço muito para que, na brevidade possível, alternativas não químicas eficientes, baratas e não tóxicas, capazes de "auxiliar" ao controle racional do carrapato dos bovinos estejam disponíveis no mercado, fundamentadas em estudos científicos comprobatórios de suas eficiências. 

    Não tenho vivência a campo com produtos homeopáticos, e minha experiência pessoal se restringe a um experimento com animais confinados por sete meses, recebendo infestações  semanais de larvas do carrapato e ingerindo o produto homeopático comercial por ingestão forçada na ração, com resultados estatísticos insatisfatórios, o que não me qualifica para opinar sobre a sua pergunta (Artigo publicado na Revista Ciência Rural). Por outro lado, acompanho com grande interesse as publicações científicas em veículos relevantes...

    Creio que um grande entrave para a avaliação da eficiência de todos os produtos alternativos ao controle do carrapato no dia a dia das propriedades, seja que, no desespero por controle de populações de carrapatos resistentes, se está utilizando "tudo junto e misturado", sem que se saiba, dentro da porteira, qual o real benefício e o custo de cada produto utilizado.

    Não critico o produtor nessa atitude diante da crise, porém lembro que a realização do teste de sensibilidade das populações do carrapato às principais bases químicas carrapaticidas de contato disponíveis no mercado, realizado gratuitamente pela Embrapa Gado de Leite, pode ajudar em muito na descoberta de se o problema é banho / tratamento mal feito ou resistência da população, além de indicar os produtos comerciais mais eficientes para cada população testada.

    Abraço e, novamente, obrigado pela pergunta.

    John Furlong

  • Prezado John, qual sua experiência e recomendação sobre o controle de carrapatos com o uso da homeopatia?

    Att

  • Prezados, boa tarde.

    Recebi a pergunta interessante de um senhor e, no intuito de repartir tanto a dúvida dele quanto o que penso ser uma resposta adequada, tomo a liberdade de compartilhar com vocês.

    Abraços.

    Pergunta: O pastejo rotacionado no qual os animais retornam ao mesmo pasto após 40 dias e que não ficam mais de dois dias, previne com segurança a reinfestação com carrapatos?

    Obrigado.

     

    Prezado Julio, bom dia e muito obrigado pela mensagem de ontem.

    A resposta simples e direta à tua pergunta é "não", e busco justificar abaixo.

    Por oportuno, tomo a liberdade de enviar anexo um arquivo, livrinho, onde poderás ter mais informações sobre a biologia do carrapato e as suas interações com o ambiente, com a pastagem e com os animais. É uma relação complexa e muito interessante. [ O arquivo é o já incluído na postagem anterior e que se encontra acima].

     Em resumo, imagina que os bovinos entrem hoje em um determinado piquete para pastejo durante dois dias, como explicastes.

    Imagina que eles têm alguma infestação de carrapatos e que durante esses dois dias, algumas fêmeas ingurgitadas, as mamonas ou jaboticabas, caiam na pastagem. Naturalmente, por encontrarem pastagem com crescimento rápido e de alta densidade de plantas, farão a postura de seus ovos (ao redor de três mil cada uma), esses ovos incubarão com as excelentes condições de umidade e temperatura proporcionada pelo microclima fechado da pastagem, e então, num período que varia entre 30 dias no verão e até 120 dias no inverno, as larvas, micuins, eclodirão dos ovos e subirão para a ponta da pastagem, onde aguardarão a passagem dos bovinos.

    Quando um novo grupo de animais entrar na pastagem 40 dias após, este grupo de larvas estará lá, pronto para subir nos bovinos e continuar seu ciclo de desenvolvimento. Esta é a primeira e mais comum explicação à tua pergunta. Deves considerar que essas larvas vão ficando velhas e fracas, uma vez que ainda não se alimentaram desde o nascimento, e a mortalidade aumenta proporcionalmente ao aumento do período de espera pelos animais. Também, chega um certo tempo de espera no qual as larvas, a despeito de estarem vivas, estão fracas e não têm capacidade de fixação. E esta sim, é uma condição excelente proporcionada pela rotação da pastagem, causando relativa mortalidade de larvas por fome, diminuindo assim o nível da infestação. Considera entretanto, que as larvas são espertas, e descem no talo da planta para mais perto do solo em busca de temperaturas e umidades mais adequadas, bem como trocam o seu lado de exposição ao sol, passando para a parte de baixo da folha.

    A cada vez que o animal entra na pastagem encontrará, naturalmente, um estoque de larvas variando desde recém nascidas até larvas velhas, encontrando sempre condições de infestação maiores ou menores. Adiciona a este fato o manejo da pastagem o qual, via de regra, possibilita condições ótimas de desenvolvimento dos ovos e sobrevivência das larvas (um hotel cinco estrelas), além da elevada lotação por poucos dias, possibilitar uma grande facilidade de a larva encontrar o hospedeiro e ter sucesso no processo. Têm muitos taxis circulando para o restaurante...

    Qual então a única maneira de que esse processo não ocorra? É a certeza, difícil, de que todos os animais que entrarem na pastagem não estejam com a população de fêmeas do carrapato aptas a cair na pastagem no período de pastejo, que é contínuo, de um piquete para o outro, na rotação. Tens detalhes do ciclo parasitário do carrapato na publicação anexa.

    Ou seja, por todas essas peculiaridades, para que consigas sucesso no pastejo rotacionado, deves sempre ter em mente que a fonte de contaminação da pastagem é o animal que entra com carrapatos prontos a engorgitar e cair. Uma vez que esse processo se instalou, ficará muito difícil a sua eliminação.

    A saída é esquecer a pastagem e concentrar esforços no intervalo entre banhos ou tratamentos, não permitindo a existência de fêmeas em estágio de ingurgitamento, e esse período variará muito em função das famílias de carrapaticida empregadas(período residual). Ou seja, a vistoria permanente dos animais, para tratá-los antes que as fêmeas estejam aptas a acasalar, ingurgitar e cair, o que ocorre num tempo muito pequeno, de aproximadamente dois a três dias.

    Penso que o custo de todo o benefício obtido pelo pastejo rotacionado seja a "possibilidade" de perpetuação dos carrapatos na pastagem, dadas as condições físicas das plantas em relação à temperatura e à umidade ótimas para o desenvolvimento e sobrevivência do carrapato, bem como e, tão importante quanto, a elevada taxa de lotação do pastejo favorecendo sobremaneira a taxa de encontro do hospedeiro pelo carrapato.

    Abraços e estou na escuta para seguirmos conversando sobre esse assunto muito interessante e que, em função de várias nuances particulares a cada sistema de produção, deprecia muito uma abordagem reducionista como a expressa acima.

    Quem sabe vocês me ajudam a, juntos, colocarmos mais luz e detalhes na questão, bem como filosofarmos um pouco sobre as diversas possibilidades que se encontram nas propriedades?

    Abraços, obrigado, e estou na escuta.

    Tenham todos uma boa semana.

    John.

  • Prezado Maurício, bom dia e obrigado pela postagem com as perguntas.

    Por favor, para tua melhor compreensão, peço licença para te sugerir que dês uma olhada na publicação anexa, a qual tenderá a te dar maiores subsídios sobre as bases do controle, questão central da tua postagem. 

    Assim, uma vez que tenhas feito uma leitura rápida da matéria, novamente voltaremos a conversar sobre as tuas dúvidas. Creio que assim, em respeito à tua pessoa, te darei mais oportunidade de obteres conhecimentos básicos relativos à tua resposta, comparativamente a qualquer tentativa minha de uma resposta curta aqui.

    Abraço e aguardo teu retorno.

    John

    Carrapatos_Problemas e Soluções.pdf

  • Caro dr.Jonh Furlong,

    Entendo que a observação dos animais seja a forma mais eficiente de perceber a infestação!Mas  de forma genérica quantas aplicações de carapáticidas o senhor recomenda ao longo do ano? E quais seriam as epócas mais provaveis para as condições do sudeste do Brasil? Podemos usar produtos que sejam vermicidas juntos ou que tenham efeitos para as duas formas de infestações?

    Obrigado

    Mauricio Borborema

  • Prezados, bom dia.

    Me permitam um comentário.

    O sucesso, ou o fracasso, do desenvolvimento do carrapato dos bovinos na pastagem, tem estreita relação ecológica com as condições de temperatura e umidade às quais seus ovos e larvas estão sujeitos. Assim, dependendo da altitude da região na qual se encontra a propriedade, temos duas condições biológicas “razoavelmente definidas” nesta época do ano, em relação à disponibilidade do parasita na pastagem; e isso nos interessa na medida em que nos ajudará a entender o que teremos de desafio pela frente.

    Em resumo, nas regiões baixas, em função da temperatura ficar mais amena com a chegada do outono, as condições tanto de incubação dos ovos quanto de sobrevivência das larvas serão muito favorecidas, proporcionando assim uma elevação da população parasitária nos animais, em comparação com a época do verão.

    Contrariamente, nas regiões mais altas, em função da umidade do ar ficar mais baixa com o fim do período de chuvas, os mesmos processos de incubação dos ovos e sobrevivência das larvas serão muito prejudicados, proporcionando assim uma diminuição sensível da população parasitária nos animais, comparativamente à época que termina.

    Em ambas as regiões, ao estarmos antenados com esses fatos, estaremos mais capacitados para realização de ações táticas, circunstanciais, às quais nos ajudarão, sobremaneira, na manutenção da população parasitária sob controle.

    Então, o que podemos fazer nesse período?

    Bem, quem está com sua propriedade em regiões baixas, deve ter efetuado o tratamento estratégico durante os meses mais quentes que agora findam, e assim, abaixado consideravelmente o tamanho do problema. Agora, como explicado acima, a tendência é que, a população tenda a crescer novamente até chegar ao grande problema no primeiro trimestre da época das águas, enquanto a temperatura não faz a sua limpeza gratuita no forte do verão. Assim, será de grande valia ficar de olho nos animais de sangue doce do rebanho, no sentido de procurar manter neles populações baixas, uma vez que serão os maiores responsáveis pela reposição rápida de carrapatos na pastagem.

    Quem está com sua propriedade em regiões altas, ao contrário, entrará agora num período de diminuição progressiva do problema à medida que o tempo esfria e, principalmente, a seca avança proporcionando umidades muito baixas. Assim, deve se preparar para a nova realização do tratamento estratégico no segundo trimestre da seca, e, para isso, será muito bom se puder fazê-lo utilizando o melhor carrapaticida possível, em função da sensibilidade da população de carrapatos. Isso poderá e deverá ser buscado, por meio do teste gratuito de sensibilidade da população de carrapatos aos carrapaticidas realizado na Embrapa Gado de Leite, e que demora cerca de trinta dias para ser processado.

    Lembrem, por favor, estamos comentando sobre “biologia” e relativa a uma relação ecológica complexa entre o parasita, o hospedeiro e o ambiente, quando nem tudo é branco e preto, podendo-se encontrar diversos “tons de cinza” (rsrsrs) intermediários. O bom senso e a valorização do assunto carrapato na propriedade são de muita importância para o “controle” do problema. Não é o olho do dono que engorda o porco, como se diz? Pois aqui é muito parecido...

    Estou na escuta para ajudar com dúvidas e seguir conversando.

    Abraços.

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