Dentro do sistema de produção, a realização de parcerias, principalmente para pequenos produtores, é uma das práticas que podem e devem ser utilizadas para aumentar a renda da atividade.

Em Goiás, um bom exemplo de parceria está sendo realizada entre a Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares do Assentamento Nova Aurora-COOPAFANA, a Central das Cooperativas da Agricultura Familiar - CECAF e o laticínio Leites Manacá.

A COOPAFANA foi fundada há 11 anos e tem como principal produto o leite in natura (também cultiva soja e gergelim para a produção de biodiesel) grande responsável pela subsistência das 47 famílias que residem no Projeto de Assentamento Nova Aurora detentoras de áreas com média de 30 hectares. Atualmente a produção de leite está em torno de 136.000 litros mensais.

A Cooperativa, que surgiu a partir da dificuldade em comercializar os produtos, possui 38 cooperados e atinge diretamente mais de 60 famílias abrangendo os municípios limítrofes de Santa Isabel. A sede da COOPAFANA tem a sua área cortada pela Ferrovia Norte-Sul e no futuro espera-se que seja construído no seu entorno um “porto seco”, entreposto de embarque e desembarque de produtos.

Em parceria com CECAF – Central das Cooperativas da Agricultura Familiar e o laticínio Leites Manacá pleiteou e venceu uma Chamada Pública no âmbito do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, para a venda de leite em pó in natura para a rede de escolas públicas do município de Aparecida de Goiânia (GO).

Para participação no PNAE o requisito básico é ser agricultor familiar. A cooperativa uniu o útil ao necessário, fazendo uma parceria com o laticínio, que detém todos os requisitos para a apresentação de um produto de qualidade e reconhecido pela legislação brasileira. A parceria é feita da seguinte forma: o laticínio beneficia o leite proveniente das propriedades de agricultores familiares, por meio de um contrato de terceirização do processo de industrialização, que hoje gira me torno de 25 % acima do custo do leite pago ao produtor, sem perder de vista a chamada rastreabilidade do produto. Quinzenalmente, a COOPAFANA entrega 24000 quilos de leite para a prefeitura de Aparecida de Goiânia (GO).

No final, a expectativa é que haja agregação de valor em torno de R$ 0,15 a R$ 0,25 por litro de leite dentro do limite permitido pelo PNAE que hoje é de R$ 20.000,00 por agricultor/DAP (declaração de aptidão do produtor ao PRONAF)/ano civil.

Com estas iniciativas e ainda muitos desafios a direção da COOPAFANA espera contribuir para a melhoria da qualidade de vida de seus cooperados.

Este é um exemplo de parceria que está tendo bom resultados aqui em Goiás. E vocês, conhecem algum outro exemplo de parcerias em suas regiões? Escrevam aqui e vamos discutir mais sobre este assunto!

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Respostas

  • Olá, sou presidente de uma Associação de Agricultores Familiares no Sul de Minas, trabalho com o PNAE desde 2009 e, desde então venho tentando o fornecimento de leite e seus derivados tanto para a Prefeitura e suas Escolas Municipais quanto para as Escolas Estaduais. Todo esforço até agora foi em vão. Por falta de conhecimento e aprofundamentos em certas Leis, os órgãos municipais não nos permitem o fornecimento. Há 3 anos tentei levar a proposta de parceria de beneficiamento, nos moldes citados acima, e não encontrei respaldo, nem da Prefeitura e muito menos da Cooperativa que faz o processamento do leite. A Emater local não se arrisca a dar opiniões limitando-se apenas a dizer que "isso é difícil". Agora encontrei na cidade vizinha um laticínio disposto a fazer a retirada do leite de nossos agricultores e entregar os produtos prontos (leite envasado e iogurte). As condições oferecidas são ótimas, com excelente preço de beneficiamento, possibilitando um bom rendimento extra aos nossos agricultores que se dedicam a produção leiteira. O que eu preciso é saber com que base legais se realiza esse contrato entre a associação e o laticínio (existe algum modelo?). Existe a necessidade da Associação ter um alvará, mesmo terceirizando todo o trabalho ou apenas a o laticínio será fiscalizado? Agradeço quem se disponha a nos orientar nesse processo.
    Osvaldo Júnior - Presidente da Associação dos Agric. Familiares do Quilombo NS do Rosário.

  • Olá Leonardo!

    É isso mesmo, o cooperativismo permite que os produtores consigam em conjunto o que não conseguiriam sozinhos e assim impulsionam a cadeia produtiva do leite. Alguns produtores relatam a redução do custo de produção do leite quando entraram para uma cooperativa já que a demanda por insumos aumenta e assim possuem poder de compra. Da mesma forma, como o volume de leite a ser comercializado é maior, a cooperativa consegue negociar um preço melhor com a indústria.

  • Prezada Pricila,

    o Cooperativismo foi muito debatido no XI Congresso Internacional do Leite. Por exemplo, o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, afirmou que o cooperativismo é a saída para o Brasil vislumbrar um protagonismo mundial no setor leiteiro.

    No blog "Congresso Internacional do Leite debate sistema cooperativo no mundo" é apresentado parte do que foi debatido sobre este tema, inclusive com experiência de outros países.

    Isto demonstra a importância deste assunto. Muito bom você ter levantando esta questão aqui na Rede.

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